Eu Não Tenho Onde Morar fala de uma cidade criticada, às vezes mal amada, violentada e, imensamente irresistível: São Paulo. São Paulo, a cidade de trabalhadores, de cimento, de imigrantes, de operários, cidade industrial, agitada, que recebe levas de pessoas todos os dias, mereceu este estudo sociológico que revela um outro aspecto da cidade: as vilas operárias. A partir de histórias de vida contadas pelos próprios trabalhadores, de documentos políticos sobre o espaço urbano municipal, jornais operários, somados aos documentos vivos, a voz dos operários, dos empresários, construtores da indústria, vários meios de investigação; foram pesquisadas as relações que se estabeleceram entre o operariado, os empresários e o Estado, ao longo do processo de industrialização até os nossos dias. O estudo das vilas operárias mostra as raízes do passado, para se chegar às construções de hoje, mais sofisticadas. Em Eu Não Tenho Onde Morar, são expostos alguns exemplos de vilas, como a ¿Cidade de Deus¿, feita pelo Bradesco, a vila dos arredores de Taubaté, construída pela Volkswagen e a vila criada pela multinacional do vidro, a Cisper, ao lado de muitas outras que se distribuem na capital e pelo Brasil. Para se entender este livro, a autora retoma as Atas da Câmara Municipal, as lutas pelo domínio do solo urbano, os embriões de toda a política habitacional brasileira (incluindo o BNH), numa tentativa de demonstrar que, apesar de muitas nomenclaturas terem variado com o passar do tempo, o operário continua a enfrentar pressões semelhantes dentro de nosso mercado de trabalho capitalista.