Em 20 de julho de 2019, eu era o neurocirurgião no Hospital Itacor, em Teresina (PI), quando recebemos um paciente, vítima de acidente envolvendo um ônibus e um caminhão. O paciente era passageiro do ônibus e se apresentava tetraplégico, com diagnóstico de traumatismo raquimedular. Os exames mostraram uma lesão grave na coluna cervical, com o paciente necessitando de intervenção cirúrgica para possibilitar sua reabilitação e dar alguma chance de reverter os sintomas neurológicos graves naquele momento. O diagnóstico principal foi de tetraplegia traumática incompleta secundária, com nível sensitivo C5, motor C6 à esquerda, neurológico C5 AIS-D, edema medular a nível de C5-C6 na fase aguda e mielopatia compressiva de C4-C7 por transtornos discais. O paciente era Marcos Soares Brasil. Após cinco dias na UTI, ele foi submetido à cirurgia e iniciou, de imediato, o processo de reabilitação, que deveria ser intenso, principalmente no primeiro ano. Após seis meses de fisioterapia, Marcos se viu atingido pela pandemia da Covid-19, como todos nós, o que dificultou ainda mais a dura missão de recuperar seus movimentos. Marcos, porém, superou todos os desafios e hoje apresenta uma impressionante recuperação de seus movimentos: trabalha e vive com intensidade sua vida, enchendo de orgulho a todos que participaram de sua reabilitação. Marcos é exemplo de resiliência, de superação, de vontade de viver e nunca desistir de suas metas e sonhos.