Em um momento no qual tanto se debate os efeitos - físicos, mentais e coletivos - a longo prazo da pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo, analisar as condições e adoecimentos de longa duração se mostra ainda mais pertinente. É nesse contexto que a Editora Fiocruz lança Experiência, Saúde, Cronicidade: um olhar socioantropológico, coletânea que estará disponível para aquisição a partir de 14 de outubro, nos formatos impresso – via Livraria Virtual da Editora – e digital, por meio da plataforma SciELO Livros. Organizado por Reni Barsaglini, Sílvia Portugal e Lucas Melo, o título faz parte da coleção Antropologia e Saúde e é uma coedição com a editora acadêmica portuguesa Imprensa da Universidade de Coimbra. A obra agrega 19 pesquisadoras e pesquisadores de diferentes formações acadêmicas, inserções institucionais e nacionalidades, como Brasil, Portugal e Nova Zelândia. Os autores se reúnem "em torno do tema da experiência com condições e alguns adoecimentos de longa duração, tidos como crônicos pela biomedicina, assim como das relações dos adoecidos com tecnologias das quais dependem nos tratamentos de certas enfermidades", resume, no prefácio, a professora Ana Maria Canesqui, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O livro analisa a construção social das experiências com a doença crônica, os seus sentidos e significados sociais e culturais. Os 15 capítulos são divididos em três partes, sendo a primeira voltada a uma discussão teórica e conceitual e as outras duas aos estudos empíricos. "Enfocamos a experiência com o processo saúde-doença, explorando suas potencialidades e diversidades, como o conceito e a abordagem daquelas condições, sofrimentos e adoecimentos de longa duração, ou seja, que perduram no tempo e caracterizam a cronicidade", explica Reni Barsaglini. A coletânea reforça a importância do papel das experiências subjetivas. Para isso, uma das marcas da obra é apresentar relatos em primeira pessoa, com ênfase nas perspectivas daqueles e daquelas que sentem na pele os problemas relatados ao longo do volume. Porém, o livro procura não se ater somente à perspectiva subjetivista da experiência para entender o vivido cotidianamente em relação ao adoecimento e a outras situações. "As abordagens que encontramos aqui não se limitam às interações face a face que tradicionalmente marcaram os estudos da experiência. Procura-se também comprender a experiência situada em contextos relacionais e em contextos sócio-histórico mais amplos", destaca Sílvia Portugal. Livro é marcado pela interdisciplinaridade A partir de perspectiva socioantropológica, o título enfatiza a singularidade do agir e do interpretar nas questões do cotidiano, como sofrimento, adoecimento, cuidado, prática política, engajamento, entre outras. Para isso, é fundamental destacar a interdisciplinaridade que marca a coletânea, a partir dos diálogos entre autores oriundos de diversas áreas disciplinares e diferentes tradições teóricas, "dando assim espaço para a multiplicidade de expressões da complexidade e multidimensionalidade das experiências com doenças crônicas, demonstrando o seu potencial heurístico para a compreensão do sofrimento na contemporaneidade", afirma a pesquisadora da Universidade de Coimbra Fátima Alves, no texto de orelha do livro. São essas diferentes trajetórias acadêmicas e profissionais englobadas no livro que permitem uma diversidade de abordagens teóricas, de temáticas e de metodologias de pesquisas, já que os estudos que os estudos sobre experiência com as condições crônicas requerem uma prática fronteirica e interdisciplinar. "A coletânea estimula o diálogo entre as ciências sociais e humanas e os campos de saúde pública e saúde coletiva, proporcionando perspectivas inovadoras e interdisciplinares do processo saúde-doença", ressalta Lucas Melo.