A pesquisa biomédica que se sustenta na utilização de animais "de laboratório" tem raízes muito antigas e poderosas. O debate sobre a necessidade de se perpetuarem as práticas de apropriação dos corpos e das vidas de animais não humanos para ensino e pesquisa finalmente escapa dos ambientes acadêmicos e atinge a população em geral. As discussões, no entanto, são ainda muito pontuais e pouco aprofundadas, uma vez que a maioria dos canais de comunicação, abastecidos pelas informações de pesquisadores vivisseccionistas, tem vínculos com o sistema produtivista ora vigente neste tipo de ciência. O autor deste livro, exibindo sua vocação natural de educador, foge deliberadamente dos questionamentos éticos (embora fique muito nítida sua posição nas entrelinhas), arregaça as mangas e joga luz num palco pouco iluminado. Utilizando-se de rigor científico, reúne informações que falam por si sós e aos poucos desconstrói a falácia da eficiência das práticas vivisseccionistas. A sociedade vive um momento de mudanças. Muitas coisas que já nos serviram não nos servem mais. Esta obra é um farol, sobretudo para pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós-graduação que queiram se aprofundar no assunto. Começa a preencher uma imensa lacuna na formação de novos cientistas em nosso país. Olha para o futuro e nos convida a participar da construção de uma nova Ciência, que seja mais eficaz para remediar e curar as mazelas humanas, sem ser injusta com outras formas de vida.