No retorno ao Brasil, vindo de Austin, Texas, em 1981, Benedito Nunes trazia na bagagem um presente para Max Martins e Age de Carvalho: a edição de Renga, a chain of poems, reunindo os poetas Octavio Paz, Jacques Roubaud, Edoardo Sanguineti e Charles Tomlinson, ponto de partida de A fala entre parêntesis. Segundo Nunes no prefácio, este livro do encontro entre os dois poetas paraenses inaugurava entre nós “o antiquíssimo jogo da renga, praticado pelos letrados japoneses desde o século XIV, segundo regras estritas.” E acrescenta: “Atente o leitor para o diálogo de poema a poema, e de cadeia a cadeia, que se desenrola nesse espaço poético, dentro do qual, em meio a diversas homenagens literárias, versos de Bashô, de Trakl, de Paul Celan, de Edmond Jabès e de Octavio Paz, assinalam o caminho do encontro, através das palavras, também celebrado nesta renga, dos dois poetas — amigos reunidos pelo tempo sem idade da expressão, cavalgando juntos a ‘égua aveludada, juventude’, que o mais velho sojiga — e levam a tensa conversação do texto a estender-se às duas tradições poéticas, a oriental e a ocidental, igualmente por eles festejadas.” A fala entre parêntesis integra a coleção Max Martins, poesia completa, planejada em onze volumes, com organização de Age de Carvalho e publicada pela ed.ufpa (Editora da Universidade Federal do Pará).