Uma releitura crítica sobre o fenómeno das visões ocorridas na Cova da Iria há 100 anos, partindo da situaçao sociocultural de Portugal e da Europa e da realidade familiar e psicológica das personalidades envolvidas.
Esta obra coloca ao serviço do grande público uma leitura que congrega o conhecimento das fontes com uma visao cristã de um fenómeno religioso de origem popular, sucessivamente apropriado e relido, reinterpretado ao compasso da história e sempre aberto no horizonte do futuro. Contribui para percebermos como as visões dos pastorinhos se transformaram numa proposta de alcance internacional. Que visao de Deus e do mundo propõem? Que capacidade de futuro encerram? Reforçam ou debilitam a forma especificamente cristã de viver ao estilo de Jesus? Fátima permite regredir ou amadurecer uma vivência cristã? O momento histórico, nas suas dimensões sociopolíticas, culturais e religiosas é o húmus onde as revelações privadas sao acolhidas. As visões interiores acontecem no tecido real da situaçao concreta, qual provocaçao para avisar a humanidade, com sentido profético, dos passos falsos e suscitar atitudes verdadeiras diante de perturbações exigentes de conversao. Graças à consulta de material do Archivio Segreto Vaticano, o autor revela nestas páginas o processo da escolha do primeiro bispo da diocese de Leiria e traz à luz novos dados sobre a política portuguesa entre 1917 e 1930. Além dos videntes, fala-nos de personagens essenciais a Fátima, como o Padre Manuel Formigao e o Bispo D. José Correia da Silva. Se Fátima permanece com notável impacto nao se deve apenas à autenticidade simples e infantil dos seus inícios, mas à capacidade que tiveram os mediadores dos factos e da mensagem, a começar pela própria Lúcia, dotada de uma vida longa, para retirar da imagética rudimentar uma resposta às situações históricas vividas pelas pessoas, individualmente mendigas de sinais de Deus, que recarreguem a sua vida de sentido e iluminem os passos obscuros da sociedade nas