A morte violenta de um poeta talvez seja a grande - e trágica - prova da importância e do poder da literatura. Em 1936, quando estourou a Guerra Civil na Espanha, Federico García Lorca foi preso e executado pelos militantes antirrepublicanos que, muito em breve, instaurariam o governo fascista. Os detalhes a respeito de seu assassinato, no entanto, só seriam conhecidos quarenta anos mais tarde, depois da morte do ditador Franco e a abertura dos arquivos do regime. E foi também em meados dos anos 1970 que Ian Gibson deixou sua carreira acadêmica para se dedicar exclusivamente à escrita da biografia de Federico García Lorca, figura que foi sua grande obsessão como estudioso. Foram mais de quarenta anos de pesquisa que renderam vários livros sobre o poeta, entre eles Federico García Lorca: a biografia, uma obra que investiga, com base em uma abrangente pesquisa documental e em inúmeras entrevistas, desde a infância de García Lorca em seu vilarejo na região de Granada, passando pelos anos de formação acadêmica em Madri e pelas viagens a Barcelona, Paris, Cuba, Buenos Aires e Nova York, lugares reconhecíveis em cada fase de sua obra poética e dramatúrgica. Mas Gibson não se atém apenas nos deslocamentos do poeta pelo mundo. Também trata das muitas pessoas que transformaram a vida dele, não apenas as que influenciaram e incentivaram sua carreira ainda incipiente na adolescência, mas também daqueles que o afetariam artística e afetivamente de modo muito intenso, como Salvador Dalí.