Por que homens e mulheres são tão diferentes? Dois dos principais pensadores contemporâneos, Leonardo Boff e Rose Marie Muraro, tentam analisar este questionamento — e sua possível resposta — em uma obra provocadora, agora com nova edição pela Record, que resulta em um tratado fundamental para as questões de gênero. Neste livro, os autores fazem uma reflexão profunda da sexualidade e mostram como os conflitos entre os gêneros podem levar à destruição da humanidade. Ambos chegam às mesmas conclusões por caminhos totalmente diferentes. Boff traça um panorama da sexualidade desde os primeiros seres vivos até hoje, analisa a evolução do homem e aborda os aspectos biológicos, históricos, sociais e teológicos da construção do feminino e do masculino. Seu texto é o de um homem que vive o seu masculino. Ele é teórico, generalizante, mas, diferentemente de outros homens, vive também seu feminino da maneira mais profunda. É um escrito cheio de ternura e amorosidade. Rose, por sua vez, detém-se sobre os processos simbólicos e faz articulações entre a sexualidade, a família e o sistema econômico. Seu trabalho é complementado por uma pesquisa com 1.259 brasileiras e brasileiras de diversas classes sociais. Ao invés de serem divergentes, os textos convergem naturalmente entre si em suas proposições para um mundo no qual homens e mulheres não mais sejam estranhos um para o outro, mas, sim, companheiros e companheiras. A edição conjunta de Leonardo Boff e Rose Marie Muraro vai muito além da mera junção de dois textos de autores diversos. Como teóricos, objetivam resultados idênticos, mesmo cruzando caminhos diferentes. Como pessoas, dão seu testemunho e engajam-se nos movimentos sociais pelos excluídos e pelas mulheres. E vêem, principalmente, a sexualidade e o gênero como pontos básicos das mudanças necessárias para um melhor convívio pessoal entre homens e mulheres e para o estabelecimento de nova ordem social mais justa, menos violenta e, acima de tudo, solidária. FEMININO E MASCULINO é uma obra instigante, que questiona as grandes teorias patriarcais, a psicanálise freudiana e até a teologia produzida a partir do ponto de vista masculino. Como dizia Rainer Maria Rilke, só quando o homem e a mulher se integrarem novamente é que a humanidade poderá reviver.