Este livro propõe uma reflexão sobre produções fílmicas mediante uma abordagem feminista. Considerando a relação indissociável entre estética e política, a obra parte da teoria crítica feminista pós-estruturalista para articulá-la às experiências de sujeitos de sexo-gênero em narrativas audiovisuais. Transita na abordagem entre poética e devir, em que o mote é tratar da emergência da diferença como espectro de transformação. Queremos ser “iguais”, ou que nossas diferenças sejam visibilizadas e não incidam em violências e embargos? É a isso que esta reflexão se dedica. Para tanto, a obra apresenta conceitos que são analisados sob uma mirada feminista. Por exemplo, aborda os interstícios entre pedagógico (norma) e performativo (a experiência que rasura a norma), na discussão sobre minorias de sexo-gênero. Ainda, perpassa pela reflexão em torno do Regime Estético da Arte: o que define os princípios de valoração de uma obra? Como se estabelece a relação entre criação/poética e fruição/estética? E, sobretudo, o que faz de um filme uma obra estético-política, tendo como base diálogos feministas? Aborda os filmes, portanto, na relação entre narrativa e espectador/a, analisando se e como tais produções desencadeiam uma política do dissenso, no que se refere ao desvio das normatizações consensuais sobre vivências de sexo, gênero e sexualidade. O que constitui os corpos aceitáveis? Que experiências propostas nas imagens desviam da constante masculina, branca, heteronormativa? Partindo dessa conceituação, o livro define um estado de devir feminista, por meio das produções audiovisuais analisadas, enquanto método de análise fílmica feminista numa perspectiva mais ampla. Ou seja: de narrativas realizadas por e sobre mulheres e sujeitos LGBTQI+, envolvendo as demandas subjetivas fora do espectro do majoritário e com base na interseccionalidade. A análise se divide em três tipos de filmes: a) documentários abordando o empoderamento de mulheres; b) filmes de pornografia feminista e c) docuficções abordando sujeitos transgêneros/transexuais. Tal mirada permitiu a proposição de perceptos de um devir feminista, atravessados por conceitos como afecção, memória, potência e endereçamento fílmico, por meio dos quais podemos caracterizar os sujeitos de gênero como simultaneamente da ação e do enunciado, ou seja, sujeitos fílmicos.