Em 'Ficções apaixonadas' a autora estuda a dimensão feminina da escrita de Clarice Lispector. É nos textos metaficcionais, em que se discute o ato de escrever, que encontra os melhores exemplos da luta feroz de Clarice com o gênero e a narrativa, luta que produz uma violência formal e temática. No capítulo 1, Marta Peixoto justapõe o 1º. romance, 'Perto do coração selvagem' e o conto "Os desastres de Sofia", lidos como retratos ficcionais da artista em desenvolvimento e como meditações sobre o gênero e a vocação da escritora mulher. No capítulo 2, nas tramas dos contos de 'Laços de família', examina a narrativa da formação e inserção da mulher na sociedade. No capítulo 3 a autora faz uma crítica à leitura que Hélène Cixous fez de Clarice (Reading with Clarice Lispector, 1990). No capítulo 4, estuda 'Água viva' e 'A via crucis do corpo' e analisa as particularidades da escrita de uma mulher, as tensões conflituosas da vida interior dos personagens aparecem aqui no questionamento da própria ficção que produz. No capítulo 5, analisa 'A hora da estrela' e aponta uma progressão na obra de Clarice, em que a violência contra as mulheres é inerente a estruturas sociais, ideológicas e estéticas.