Filosofia da libertação e a questão carcerária brasileira é, antes de mais nada, uma forma de honrar o Professor Thiago Fabres de Carvalho – cuja ausência será sempre sentida por toda criminologia capixaba – e vivenciar seu espírito crítico. A obra que o leitor tem em mãos – que é a dissertação de mestrado do autor – consiste em “uma pesquisa rigorosa que investiga as raízes do grande encarceramento brasileiro nos últimos 25 anos, associada a processos de criminalização que ignoram qualquer ética de alteridade, no contexto de reafirmação de subcidadania em sociedades marginais, por meio do sistema penal. Mas, eis aquí também um exercício de humanidade. Halley não se contenta, como fazem alguns autores no rico universo literário da anticriminologia, em desenvolver um impulso deslegitimante e desestruturador do Direito Penal. Seria, de fato, o caminho mais tentador assumir uma postura catártica contra o genocídio histórico, ainda em andamento, promovido pelo sistema penal em todo o mundo e, em especial, na conjuntura marginalizada da américa-latina. Mas, seu compromisso científico e sua humanidade não lhe permitem assumir a vulgaridade da ira. O autor, elegante e erudito, busca, então, o superior caminho da alteridade, atento à filosofia da libertação, como novo paradigma possível, em termos jurídicos, políticos e sociais. […] Viva o pensamento crítico libertário. Viva Thiago Fabres de Carvalho.” Do Prefácio, de João Menezes Santos Neves