A mundialização da economia é um processo económico irreversível que, paradoxalmente, assinala as "bodas entre o direito e a economia" (L. Cohen Tanugi). Neste contexto único na história da humanidade, em que um modelo económico - a economia de mercado - estrutura quase sozinho as relações económicas e sociais, coloca-se a questão do lugar do direito e das respectivas partes dos sistemas na regulação dessas relações. Simultaneamente - modesto - existem sociedades sem direito - mas consciente deque o direito não deve tornar-se o humilde servidor da economia, Gérard Farjat procurou sempre identificar a parte da utopia de que são portadores os sistemas jurídicos. Ao tentar, por vezes em contradição, aprofundar os seus questionamentos sobre aorganização da economia pelos poderes económicos, os diferentes autores desta obra prolongam as discussões sempre abertas sobre os valores fundadores das nossas sociedades e as regras do jogo que presidem à sua organização. A autonomia do sistema jurídico constrói-se sem cessar pela sua abertura aos outros sistemas, ao sistema económico nomeadamente e a questão central que se coloca nos nossos dias diz respeito, sem qualquer sombra de dúvida, à existência e ao conteúdo de uma ordem pública mundializada.