A proposta deste livro é, certamente, a de tentar mais significativa e sistematicamente aproximar a filosofia das crianças. Por um lado, porque, indo além de algumas concepções românticas e idealizadas, este autor foi o primeiro filósofo a levar a sério uma fundamentação teórica que permita situar a filosofia como ferramenta-chave na educação das crianças. Por outro lado, porque levou tão a sério a ideia que não apenas elaborou uma fundamentação teórica para ela, mas também deu origem a um dispositivo prático e institucional para viabilizá-la. A aplicação do programa filosofia para crianças traz consigo pressupostos e implicações que geram, muitas vezes, um emprego técnico e pouco reflexivo da proposta.Este livro traz algumas linhas para compreender de forma qualitativa o trabalho de filosofia para crianças. Como tentativa de contribuir para a reflexão sobre esse significativo programa, a obra tematiza os principais desafios que enfrenta a prática da filosofia com crianças na atual conjuntura educacional do Brasil. Dividem-se esses desafios em três eixos: teórico, metodológico e político-institucional. Os desafios teóricos estão dados pela necessidade de pensar, basicamente, três perguntas: “Por que filosofia?”, “O que é a filosofia?”, “Para que filosofia para crianças?”. Os desafios metodológicos propõem problematizar questões como “O que é um bom professor?”, “O que significa aprender?”, “Como ensinar a filosofar?”. Por último, os desafios político-institucionais questionam assuntos como: “Qual o sentido de praticar filosofia com crianças nas escolas brasileiras?”, “Qual o papel da filosofia para crianças no sistema educacional brasileiro?”, “Quais as estratégias mais adequadas para tal função?”.