O superficial mundo da fama e a pesada rotina do submundo policial são os fios narrativos do novo romance de Patrícia Melo, um dos nomes mais importantes da literatura brasileira e com uma carreira de sucesso também no exterior, com obras traduzidas e premiadas em diversos países. Encenado numa São Paulo contemporânea e degradada, Fogo-Fátuo traz à tona a combustão apodrecida dos cadáveres, dos relacionamentos e do caráter humano, numa trama ágil, de imagens fortes e estilo mordaz. Dele emerge a primeira detetive da carreira de Patrícia Melo, a perita Azucena. É ela quem conduz a investigação da morte do ator Fábbio Cassio, em pleno palco, e revela a cortina de intrigas e mentiras que envolve o caso.
Ator cuja fama nunca foi proporcional ao reconhecimento da crítica, Fábbio vive um relacionamento falido com uma aspirante ao sucesso, Cayanne. Refém da imprensa, ele sofre com o assédio inclemente dos jornalistas, que questionam a sua fama e acompanham os altos e baixos do seu relacionamento. Fábbio está em cartaz no teatro com uma peça que dá título ao romance e, segundo a crítica, faz um suicida risível. Além de Cayanne, convivem com o ator o cão Godzilla, resgatado de um acidente e morto por atropelamento em circunstâncias curiosas, e Olga, uma mãe alegre, de personalidade forte e protetora.
Azucena, recém-separada, duas filhas, é apoiada por seus pais, Damaso, ex-delegado aposentado cuidado pela mulher, e Jandira, melhor avó do que mãe. Seguindo as pistas da morte misteriosa do ator, Azucena descobre podridões que emergem dos personagens e seus meios. Fugaz e misterioso, como a chama que o nomeia, Fogo-Fátuo prende o leitor enquanto o leva a reflexões sobre a decrepitude dos relacionamentos contemporâneos e as várias faces da violência.