Neste livro, o autor, Alcmeno Bastos, reuniu onze ensaios produzidos ao longo de anos de estudos constantes da obra de Machado de Assis. “Fontes para a incompreensão de Machado de Assis”, o primeiro deles, e que dá título parcial ao livro, é um levantamento crítico-descritivo de opiniões negativas sobre Machado de Assis (vida e obra) marcadas (no nosso entender) pelos equívocos de julgamento. Os demais ensaios cuidam de aspectos relevantes da obra e da fortuna crítica machadiana. Na ordem: a presença da música na ficção machadiana, não apenas incidental e alusiva mas elemento constituinte da visão da vida irrealizada; o pertencimento (ou não) de sua ficção ao Realismo, especialmente no caso das Memórias póstumas de Brás Cubas e seu “defunto autor”; a dualidade Bentinho / Dom Casmurro, para além da onomástica anedótica do apelido irônico, e a quase indistinção entre a “fruta” e a “casca”; a particularização metonímica do corpo feminino, seu poder enigmático de atração erótica; a presença do dado histórico e o peculiar tratamento a ele dispensado pelo narrador machadiano do Esaú e Jacó; uma avaliação crítica sobre o que pensaram (e dissera) de Machado de Assis os modernistas de 22; um estudo sobre o possível indianismo tardio das Americanas, publicadas em 1875; uma singela aproximação de Machado de Assis a José de Alencar, identificando pontos de convergência entre os dois maiores nomes da ficção brasileira do século XIX; a presença do humor e da ironia no discurso machadiano, em seus traços distintivos e suas funcionalidades em Quincas Borba; e um estudo sobre a posição de Machado de Assis na formação e na consolidação de um possível “romance carioca”.