Falar em Formas da vida é falar em suas diferentes configurações, significados e estruturas, incluindo suas aparências externas e suas disposições interiores, cuja configuração estabelece aquilo que podemos chamar de seu estado ou condição. Mas isso não é tudo: reconhecer as formas da vida é reconhecer as diferentes formas de vida que constituem a imensa variedade de tipos de organismos, cada um com sua maneira específica de existir, todos empenhados em sobreviver, reproduzir-se, expandir e florescer, segundo interesses, necessidades e capacidades próprias. A forma de vida humana, embora integrada a essa diversidade, esforça-se também por separar-se dela, utilizando diferentes expedientes que a têm capacitado, ao longo da história, para intervir no mundo segundo suas próprias noções de bem – e com isso, muitas vezes, colocando em xeque as demais formas de existência. Apoiado em instrumentos tecnológicos cada vez mais poderosos, o ser humano tem se intrometido nos interiores da vida para, desde dentro, reorientá-la, alterá-la e, até mesmo, recriá-la. Tal estratagema, astuto e engenhoso, instala no horizonte da natureza novas formas de vida não só extras, mas também pós-humanas. Tendo em vista que forma e ideia usufruem – desde os primeiros dias da filosofia – de proximidade semântica, este livro quer enfrentar a urgência e os desafios (ontológicos, éticos e políticos) que se apresentam hoje para o fazer filosófico, entendido, na sua essência, como pensamento sobre a vida. Os textos aqui contidos se somam em torno dessa tarefa a partir das três perspectivas, acondicionadas já no título da presente obra.