Uma literatura que encanta, mas é pouco divulgada e bem pouco estudada. Não há um acervo consistente da literatura de cordel, mas Alberto Roiphe vence essa dificuldade e constrói uma belíssima pesquisa entre palavra e imagem. Recuperando a capa dos folhetos como parte integrante da obra, ele estabelece um diálogo entre o ilustrador e a matéria textual, revelando o espetáculo dos confrontos que misturam festa e luta.O estudo da literatura de cordel não se limita a informações sobre a sua possível origem ou à sua configuração material. A leitura verbovisual é uma possibilidade de ampliar o conhecimento sobre os folhetos, observando que eles revelam características muito peculiares em sua constituição. Para isso é necessária uma leitura transdisciplinar, que se dá com o auxílio de Mikhail Bakthin, Roland Barthes, Câmara Cascudo e Mário de Andrade, entre outros, formando um verdadeiro forrobodó teórico.Alberto explica: “É na leitura de folheto de cordel que se conhece outro folheto de cordel. Esses folhetos, como se viu, se inter-relacionam por meio da forma como os personagens se exibem, por meio dos instrumentos que usam, por meio do espetáculo que provocam. … O efeito estético sobre o leitor se amplia à medida que não se limita somente ao gosto pelo espetáculo por meio do aplauso ou da vaia, mas experimenta, em meio à oscilação entre a luta e a festa, assim como fazem o poeta e o artista, possibilidades poéticas de escolhas, provocações, comparações, irreverências, contradições, descobertas. Sem limites.”