Paul Valadier em várias das suas obras, publicadas pelo Instituto Piaget, entre as quais Um Cristianismo de Futuro, A moral em desordem e a Condição cristã, preconizava o fim da separação entre Deus e César na construção democrática. Segundo o autor, a Esfera religiosa, para além dos radicalismos e integrismos, é um lugar por excelência de mobilização dos recursos simbólicos (intelectuais e espirituais) capazes de criar um novo laço social e um novo espírito democrático. Nesta obra, Valadier afirma que Religião e Política não são dois poderes rivais ou complementares. Fiel à tradição filosófico-teológico-política, o autor convida-nos à refundação da democracia tendo em conta o religioso. Apresenta as falhas e os impasses da separação do político e do religioso nos Estados modernos. Porque é já existente o teológico-político nas organizações do poder, mesmo na bacia das religiões monoteístas que de uma forma ou outra pugnam pela separação de Deus e César. O estado laico ou republicano, tal como existe em França, encontra-se num impasse, pois dá abertura a certos males que rondam a sociedade moderna (a violência, as exclusões, etc.) e que tornam difícil a vivência em comum e o exercício da democracia. A atualidade desta obra de Paul Valadier é indiscutível, pois contribui para o debate da refundação do Estado num período em que a tecnoeconomia parece ter a última palavra sobre a estrutura e o funcionamento das instituições do estado.