A iniciativa de se constituir o futebol em objeto de pesquisa histórica foi amadurecida ao longo de inúmeras conversas com os amigos e pesquisadores Luis Fernandes, Ricardo Benzaquém e Gilberto Agostino, todos cientistas sociais e apaixonados por futebol. Cabia sempre a interrogação: qual foi, e sempre será, a química ou magia que fez o encontro do futebol - esporte de origem européia - com a mística brasileira, gerando uma união tão perfeita de ser e viver, chegando muitas vezes ao ponto - principalmente no exterior - de se confundir o Brasil com futebol. Mesmo o prestígio de novos esportes tão estranhos aos brasileiros, como o automobilismo e o tênis, ao gerar grandes ídolos de massa, não desbancou o futebol como principal lazer, atividade física, objeto de leitura de jornais especializados e programas de tv e, acima de tudo, enquanto paixão nacional do brasileiro. Torcer por um time - muitas vezes identificado como "nação", "raça" ou "tribo" -; escalar o time, o nosso ou a seleção; criticar todos os profissionais envolvidos, do técnico ao jornalista especializado, passando pelo goleiro ou o atacante e, é claro, o juiz, são os grandes assuntos da conversa na segunda-feira, indo para o trabalho, no trem ou no ônibus. Nos escritórios e nas filas dos bancos, as camisas comemoram a vitória de cada time, enquanto o olhar baixo e sorriso na dor fazem parte da cerimônia do "tem que agüentar" que sucede a cada derrota do time do coração.