O raro talento literário múltiplo e a personalidade diversificada de Marina Colasanti devem ser creditados a sua plurinacionalidade, mas também a suas atividades variadas, que vão das belas-artes ao jornalismo. Os poemas de 'Gargantas abertas' aproveitam a carona de tantas experiências e constituem uma viagem emocionante por diversos países, trazendo o impacto das sensações causadas por museus e obras de arte. A poesia fértil e generosa marca as outras obras de Marina. Neste livro, porém, a autora se revela mais audaciosa, sem medos e com um olhar firme, embora receptivo. As gargantas estão mesmo escancaradas: a palavra se liberta, critica, comove, recria. O primeiro e o último poemas são escritos em italiano, a língua de seu inconsciente, de suas raízes. Através dos pintores, das cidades, da história e do povo, ela encontra sua identidade, que é também brasileira e etíope. Em meio às tintas de Michelangelo, Tintoretto e Modigliani, Marina assume sua entrega, sua dor e seu prazer. E aperta ainda mais os laços que a ligam à poesia.