A construção de identidades regionais em face da miscigenação sociorracial da formação histórica brasileira é o foco desta obra, com destaque para crônicas beneditinas da segunda metade do século XVIII. Bruno Silva apresenta os planos de integração do Brasil a Portugal, pois os genealogistas pretendiam criar um passado nobre para as elites pernambucana e paulista. Os principais da terra não se viam somente como súditos dos reis de Portugal, mas também descendentes de nobres, de vassalos que, com os soberanos, ajudaram a construir o reino português. Nessa integração aos costumes lusitanos, os indígenas não estavam excluídos. Quando misturados, mas somente se mesclados e cristianizados com os valorosos portugueses, originavam estirpes nobres, capazes de integrar as qualidades dos naturais da terra aos bons genes provenientes do além-mar. A exclusão se fazia, porém, em relação aos negros. A nação portuguesa não comportava os descendentes de escravos, que não originavam bons vassalos. No processo de observação das construções identitárias locais, o autor investiga os espaços coloniais de Pernambuco, por sua ocupação bem precoce na conquista colonial; e São Paulo, também antiga, mais fechada em torno de si, com homens que se lançavam em empreitadas para derrubar barreiras geográficas, pondo-se frente a frente com terras desconhecidas e repletas de tribos hostis.