Na perspectiva afro-brasileira, a encruzilhada se configura como lugar de encontro das possibilidades de existência, onde o direito a humanidade é garantido a todos os tipos de corpos, sexualidades, territorialidades e gêneros. Nesse cenário, esta coletânea finca uma intersecção de pesquisadores/as que dão sentido a um cruzamento de textos sobre gênero e subjetivações. O trato com as subjetivações nos convida a ressignificar o olhar sobre o nosso próprio corpo-território e as relações com as outras estéticas de existência que nos circundam. Destarte, a encruzilhada reforça um caráter ético, estético, político e pedagógico propício para as circularidades das vozes subalternizadas nas relações da colonialidade do poder. Reconhecer as opressões do cis-tema hetero-racista-patriarcal é fundante no ato de (re)existir perante aos ataques de um sistema mundo que, desde a sua expansão colonial, perpetuou um legado civilizatório de epistemicídios, bem como a padronização das espiritualidades e suas performatividades sociais. A escola, a universidade, a família, as ruas, as igrejas e demais espaços de socialização são articulados por moralidades pautadas e legitimadas em práticas de extermínios de subjetivações inadequadas às ideologias de docilização dos corpos-territórios. Portanto, tensionar a monocultura da existência do cis-tema hetero-racista-patriarcal é urgente para os grupos que visam o fortalecimento de uma sociedade justa e democrática. O convite à leitura desta coletânea perpassa, também, por um compromisso político de ouvir as narrativas dos nossos pares e das nossas aliadas, cujas potências nos atravessam, provocam rachaduras e nos leva a reterritorializar os nossos corpos-territórios e forjar uma outra postura insurgente.