O livro organizado por Cássio Arruda Boechat é o resultado de umtrabalho coletivo desenvolvido por pesquisadores do Grupo de crítica do valor-dissociação(...) Acompanhando o pensamento de Kurz (2019), é ressaltado nos textos que o desdobramento do capital fictício em formas do capital creditício cada vez mais dessubstancializadas, ou seja, distantes do conteúdo criado pelo trabalho abstrato, aponta para uma nova forma de ser do capital ou uma reprodução fictícia do capital? e uma produção do espaço ele próprio fictício. São considerações por demais inquietantes que supõem a ampla generalização dos fatos observados na particularidade analisada e sugerem um quadro geral de colapso do capital, o que nos leva a refletir sobre muitas questões que, por certo, também demandarão novas pesquisas e o aprofundamento do debate com outras perspectivas analíticas, e que animam uma série de indagações: A natureza especulativa e inflacionária do fenômeno denominado de bolha implica diretamente uma precificação que não encontra correspondência no valor, mas há agentes envolvidos neste processo capazes de captar o valor produzido e valorizar a parcela de capital investido Quem seriam os principais beneficiários dos movimentos de expansão, desvalorização e destruição desencadeados pela criação e estouro de bolhas especulativas Sabemos que muitos grupos empresariais possuem recursos aplicados em paraísos fiscais que são subtraídos de seus lucros por meio de estratégias contábeis fraudulentas, qual seria a relação dessa prática com a condição de endividamento crônico dessas empresas Como o continuado desmantelamento dos ecossistemas e de sua capacidade de resiliência se relaciona com as atuais formas críticas de reprodução do capital e se isso constitui um limite para o capital Como o processo de centralização associado à socialização do capital decorrente da financeirização repercute nas disputas intestinas entre capitalistas e na luta de classes Qual o papel do Estado nesses processos.
Vivemos um período de profundas mudanças, que para muitos significa uma ruptura de época. Ouve-se falar cada vez mais sobre o esgotamento da modernização ou os limites do capital. Neste contexto, é preciso ousadia para rever nossas certezas e buscar novas perspectivas para ler o mundo. A presente coletânea segue nesta direção.Do Prefácio de Marta Inez Marques e Marco Antonio Mitidiero Junior