Geografia dos Grandes Projetos de Desenvolvimento: reflexões a partir dos conflitos no estado do Rio de Janeiro é resultado do trabalho coletivo realizado no âmbito do Grupo de Trabalho em Assuntos Agrários da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) das seções Rio de Janeiro e Niterói (GTAgrária). O livro é composto por artigos, que de alguma forma, são fruto do trabalho coletivo do GTAgrária nos últimos 10 anos. O livro apresenta sínteses teóricas, contribuições analíticas, aportes metodológicos e estudos de caso a partir de uma prática militante de análise geográfica dos conflitos derivados da implantação de Grandes Projetos de Desenvolvimento (GPDs) no estado do Rio de Janeiro, com o intuito de contribuir para os debates geográficos e de outras ciências sociais em torno da problemática dos GPDs. Os projetos do Porto do Açu, da Barragem de abastecimento de água do Guapiaçu, a expansão dos monocultivo de eucalipto e o empreendimento turístico imobiliário Aretê foram os casos de atuação direta do GTAgrária e suas análises, aqui consolidadas, nos permitem compreender as transformações do espaço agrário fluminense no início do século XXI, bem como fornecem chaves teórico-metodológicas de entendimento dos GPDs em geral. O que estes Grandes Projetos de Desenvolvimento apresentam em comum? A transformação do espaço agrário fluminense pela lógica do capital e da produção de mercadorias, cada vez mais transnacional, para atender a interesses que vêm de fora ? seja pelos agentes do capital ou pela imposição de sua lógica, o que gera impactos na população local em múltiplas dimensões. Tal processo evidencia a complexificação da conflitualidade no espaço agrário fluminense e permite que a Geografia atue de maneira a contribuir com a luta desses sujeitos e comunidades que resistem a essa lógica, na busca pela manutenção de seus modos de vida. Cada vez mais vem se aprofundando uma corrida pelo desenvolvimento, da qual esses grandes projetos abordados no livro são vetores, com a promessa do progresso, aquele que nunca chega. A busca infindável pelo desenvolvimento demonstra o movimento irracional do capital, e as intervenções do GTAgrária nos demonstram como aliar o conhecimento produzido às lutas sociais. O estado do Rio de Janeiro é singular, pois, além de o espaço agrário, com características tradicionais do latifúndio, ser cada vez mais palco de disputas em meio a processos globais, como a modernização e financeirização da agricultura, também é alvo de um intenso processo de urbanização. Estes processos evidenciam as contradições do espaço agrário brasileiro, que sempre representou um papel fundamental no desenvolvimento dos modos de produção do capital no país, seja pela produção agrícola, pela mão-de-obra disponível, pelas relações fundiárias, dentre outros fatores. Os chamados GPDs envolvem uma gama de megaprojetos que vão desde obras de infraestrutura, como a construção do Complexo Industrial Portuário do Açu (São João da Barra) e o projeto da barragem do Guapiaçu (Cachoeiras de Macacu), até projetos de incentivo à implementação de monocultivo de árvores, como nas regiões do Médio Paraíba e do Noroeste Fluminense, ou ainda megaempreendimentos turístico-imobiliários, como o Aretê (Búzios), todos esses casos acompanhados pelo GTAgrária.