Em uma época na qual tudo o que é merecedor de crédito tem de levar o adjetivo 'científico', o cidadão, para fazer escolhas sensatas, precisa saber separar os bons e os maus usos dessa palavra. O problema aparece mais claramente quando grupos (jornalistas, escritores, cientistas) começam a fechar o abismo entre esses conhecimentos elevados e a população leiga pela via do ensino de conteúdo de ciência. O resultado é aquela pilha de livros sobre a relatividade, a biotecnologia, o Big-Bang etc. Mas será essa a melhor forma de trazer a ciência para a sociedade? A resposta - negativa - é parte do trabalho que Harry Collins e Trevor Pinch desenvolvem neste livro. Mais importante que saber ciência é saber sobre a ciência - como observações conflitantes acabam sendo polidas e conformadas, resultando em consenso; ou, como os cientistas resolvem controvérsias, quando nem suas teorias, nem seus experimentos podem ser avaliados independentemente? Para compreender a ciência, é preciso examinar os casos divulgados como sucessos e aqueles enterrados como fracassos.