Nada do que passou, retornará.
Na plena efervescência da Revolução Russa, a aristocrata Maria de Krüdener chega a Tula, perto de Moscou, com seus quatro filhos, criados e tudo o que foi possível levar, para juntar-se ao marido a quem não vê desde que ele foi obrigado a fugir para a Pérsia. Durante a viagem, repleta de contratempos e misérias, ela encontrará Golovin, um marinheiro revolucionário, em uma pousada nas costas do Mar Negro. Ela, uma mulher cheia de força, bonita, inteligente e com ideais firmes, terá de enfrentar o caráter mordaz, pessimista, tenaz e corrompido de Golovin, o que será um verdadeiro desafio moral sem volta.
Em Golovin, Jakob Wassermann antepõe dois extremos, dois aspectos da vida formados por forças antagônicas que, em se chocando, apresentam a harmonia e o complemento dos contrastes violentos. Postos um em frente ao outro, reagem e batem-se como dois duelistas ferozes, deixando-se arrastar pelas palavras perigosas. Na tradução do escritor Adonias Filho, o leitor poderá observar a notável capacidade de Wassermann para sondar a alma humana, mostrando possuir um “gênio inventivo como poucos outros”, como observou Otto Maria Carpeaux, e sendo “um dos poucos autores alemães modernos de renome universal”.