Depois dos sucessos de 'Um ano na Provence', 'Toujours Provence' e 'Hotel Pastis', o jornalista e publicitário inglês Peter Mayle mudou e resolveu não escrever, pelo menos momentaneamente, sobre a vida plácida da região francesa da Provença, onde viveu por algum tempo. Nos últimos anos uma idéia bizarra não lhe saía da cabeça. Estava sempre se perguntando se os pequenos luxos dos muito ricos realmente valiam o que custavam. Se gastar fortunas para satisfazer o mais fútil dos caprichos valia a pena. Ele propôs a Martin Beiser, editor da revista Gentlemen’s Quaterly (GQ), uma série de crônicas sobre estes "seres" desde que, obviamente, se misturasse a eles. Com o sinal verde do departamento financeiro da GQ, Peter Mayle embarcou por quatro anos nesta aventura milionária pelos restaurantes mais caros do mundo, pelas casas mais valiosas e pelos hábitos mais luxuosos. Surgiu assim o livro 'Gostos adquiridos', coletânea destas crônicas. A conclusão, para alívio da pobreza geral, é de que dinheiro não traz felicidade necessariamente. Ao contrário, induz ao desapontamento e à depressão. "Tem sempre alguma coisa que não está perfeitamente correta", adverte o autor. Seja na festa do casal de ricaços em que um convidado esbarra no alarme desegurança de um dos quadros e uma brigada indigesta invade o ambiente, seja num dos mais paradisíacos restaurantes da Itália onde uns milionários desconsolavam-se porque, a despeito de tudo, faltava um decimal qualquer para que a temperatura do melhor vinho estivesse na sua inalcançável perfeição. Rico não relaxa, está sempre entediado! A menos que enverede pelo caminho indicado pela crônica "A paixão mais cara de todas", em que se fala da figura da amante: "Uma mulher é só uma mulher. Uma amante é, ao mesmo tempo, um exercício de equilíbrio e inventividade", diz Mayle. Na "viagem" pelo mundo dos que sofrem por excesso de dinheiro, o autor chega a insinuar que essa gente é muito aborrecida para se conviver.