O título 'Gramática superior da língua portuguesa' não é pretensioso como à primeira vista pode parecer. Trata-se, antes, de uma hipálage, como a que existe em Gramática secundária, de Said Ali: não é a gramática que é secundária, mas o curso a que ela se destina. Aqui também não é a gramática que é superior, mas o curso ou o nível do consulente. Há, aqui, portanto, a presunção de que o consulente já tem algum conhecimento técnico de sua língua. Por isso, alguns pontos gramaticais contêm apenas o essencial; outros, no entanto, quase se constituem em ensaios, como o capítulo sobre o conceito de pronome, por exemplo. O autor não quis fazer apenas mais uma gramática, como tantas que há para estudantes do 1º e 2º graus, ou uma gramática destinada a um público mais amplo, como as de Celso Cunha, de Rocha Lima, de Evanildo Bechara ou de Adriano da Gama Kury. Quis, antes, fazer uma gramática especialmente para estudantes universitários. Daí os questionamentos, as discussões, as observações mais ousadas, as contestações, os pontos polêmicos. Se pelo menos um estudante ou um professor universitário aceitar o desafio em sala de aula ou promover o debate, segundo o autor, terá valido a pena o esforço.