Produto do trabalho de quatro diretores-roteiristas, 'Grande hotel' é, como filme e como roteiro autônomo, um exemplo notável do cinema que se faz hoje nos Estados Unidos longe dos rígidos esquemas de produção dos estúdios de Hollywood. Os nomes queassinam os roteiros dos quatro episódios que compõem o filme figuram entre os mais atuantes cineastas independentes americanos, cujos trabalhos alcançaram o reconhecimento de prestigiosos festivais internacionais e o apoio do Sundance Film Festival,criado em 1981 pelo ator Robert Redford com o objetivo de incentivar e divulgar a obra de diretores novos, ainda não integrados no mercado. Allison Anders, autora do roteiro do primeiro episódio, é uma observadora atenta, e nada complacente, da sociedade americana atual, como provam seus longas Sonhos femininos e Mi vida loca. Alexandre Rockwell, que se tornou conhecido como praticante de jogos metalingüísticos, fazendo filmes a respeito de filmes, teve o seu Alguém para amar aplaudido de pé noFestival de Veneza. Robert Rodriguez é o "cucaracho" que há alguns anos surpreendeu o mundo com El mariachi, uma produção de qualidade realizada com recursos irrisórios. E, finalmente, Quentin Tarantino, cineasta que conta em seu currículo com dois sucessos internacionais: Cães de aluguel e Pulp Fiction. Unidos por laços afetivos que se formaram ao sabor dos encontros ocorridos no circuito dos festivais, o quarteto decidiu partir para a elaboração e execução de um projeto de criação coletiva. Nasceu então 'Grande hotel', um filme de episódios independentes mas amarrados por um personagem que serve de elo e dá sentido ao conjunto. A história se desenrola numa véspera de Ano-Novo em Los Angeles. Num hotel que nos anos 30 se notabilizou por hospedar astros e estrelas do cinema, um jovem dos nossos dias está pronto para iniciar sua primeira noite de trabalho como boy.