Morar em duas residências após a separação dos pais é algo positivo para a criança? Ela fica sem rotina? Qual é o impacto desse arranjo de guarda quando há conflito entre os pais? De quanto em quanto tempo deve ser a alternância entre as casas?
Ao mesmo tempo em que mais famílias brasileiras estão escolhendo esse formato de guarda, em que a criança fica de 30 a 50% do tempo residindo com cada genitor (denominada por guarda compartilhada com residência alternada, guarda compartilhada física ou dupla residência), ainda há muitas dúvidas e inquietações vindas de pais, advogados e juízes sobre ser esse arranjo benéfico para a criança.
Assim, este livro foi escrito com o objetivo de tentar responder, através de referências teóricas e resultados de pesquisas da Psicologia, à pergunta se essa modalidade em que a criança reside em duas casas gera bem-estar. No Brasil, ainda é um arranjo realizado na maioria das vezes de maneira fática pelos pais. Por ser já bem caracterizado em outros países, esse tema tem sido cada vez mais objeto de pesquisa internacional , tendo em vista o aumento expressivo de crianças vivendo em duas residências. Ao longo dos capítulos, são trazidos conhecimentos da Psicologia com foco no bem-estar da criança e resultados de pesquisas internacionais recentes realizadas com crianças nessa modalidade de arranjo, além de indicações de aspectos importantes a serem considerados nesse modelo, como a manutenção do continuísmo, a rotina, a coparentalidade adequada, adaptações necessárias para esse arranjo com crianças pequenas e em famílias com conflito, além de sugestões de planos de parentalidade para os pais.