O zapatismo, movimento espetacular no campo da antiglobalização, tem sua origem no estado mais atrasado do México, mas sua imagem no mundo é forjada por uma das ferramentas mais modernas atualmente - a internet. Para entender esse movimento, o antropólogo e cientista político Guilherme Gitahy de Figueiredo, então jovem aluno da Unicamp, decidiu se deslocar até Chiapas. Lá morou, viu de perto as reações armadas do Exército mexicano, com muita coragem circulou em meios zapatistas e chegou a viver com os moradores da região, penetrando no fundo do movimento. Seu objetivo era investigar sem se afiliar a nenhuma teoria consagrada. A partir de suas observações minuciosas da realidade, o autor construiu sua compreensão teórica de maneira indutiva. Neste livro descobre-se uma visão do zapatismo que é baseada não apenas no dia-a-dia de quem mora na região e sofre, mas também na bibliografia, leituras históricas, dados estatísticos e entrevistas com membros e simpatizantes do movimento. O resultado é um trabalho bem escrito, rico, denso, erudito, complexo e que busca enfrentar os dilemas e perspectivas dos residentes de Chiapas. A obra tem por base rigorosa pesquisa interdisciplinar nas Ciências Sociais, assim, distancia-se das visões útopicas dos ideólogos de esquerda, que ignoram a vida das pessoas tal como é vivida. Também mantém distância das imagens espalhadas via internet e televisão. Assim, o leitor pode se aproximar da realidade de um dos mais importantes movimentos sociais de nossos tempos e também conhecer muito melhor, pelos olhos de um jovem pesquisador brasileiro, um de nossos vizinhos - o México.