Este livro relata em que a Guiné-Bissau, com uma das mais bem-sucedidas e reconhecidas estratégias de luta pela independência colonialista, foi recolonizada por meio da cooperação internacional. A história da Guiné-Bissau independente se confunde com a história da ajuda externa ao país. Nesse sendo, a trajetória de desenvolvimento da Guiné-Bissau pode ser traçada a partir de uma total dependência da ajuda internacional, que no pós-independência viveu seu apogeu, entrando em declínio a partir dos anos 1980, em razão dos sucessivos momentos de instabilidade política a, do fracasso dos programas de ajuste estrutural e de redução da pobreza do Banco Mundial (BIRD) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo endividamento externo, agravados pelos sucessivos rótulos de Estado falido – instabilidade política, baixo desempenho econômico e tráfico de drogas – realizados por essas mesmas instuições.O sistemático exercício de rotulação promovido, sobretudo, por aquelas instituições e de terminadas agências da ONU, e o endividamento externo têm moldado a realidade da Guiné-Bissau, determinado os modelos e as estratégias de cooperação internacional e ignorado os processos internos de construção do Estado, obstaculizando, inclusive, a democratização e o desenvolvimento que essa mesma comunidade de ajuda procura promover.Guiné-Bissau: da independência colonial à dependência da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento busca retratar essa história que se insere no marco de uma contribuição diaspórica, ao mesmo tempo que colabora para a construção de conhecimento no campo de estudos críticos do desenvolvimento, oferecendo ao leitoruma análise empírica e teórica da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento com vistas a compreendê-lo e identificar caminhos para uma práxis de desenvolvimento emancipatória.