Gungunhana, o gigante e temido rei de Moçambique, era o homem que todos queriam. Mouzinho de Albuquerque, o oficial da cavalaria portuguesa, ambicionava honra e fama. ao iniciar a marcha até Chaimite tinha como missao capturar o régulo africano e submeter as populações locais ao poder da bandeira nacional. Sousa, senhor de possessões em terras moçambicanas, junta-se a Mouzinho de Albuquerque com um único e secreto objetivo: matar, com as suas próprias maos, Gungunhana e vingar-se da traiçao da sua mulher Kali, que fugiu para se tornar amante do Leao de Gaza, como era conhecido. Já Pedro, braço direito do comandante português, tinha sede de aventura e descoberta. Talvez assim conseguisse esquecer um desgosto de amor que lhe atormentava a alma. O autor Manuel Ricardo Miranda transporta-nos, neste empolgante romance, para o universo africano dos finais do século XIX. Pela sua escrita vivemos as cerimónias iniciáticas, assistimos às grandes caçadas de elefantes, aos combates entre tribos, sentimos o cheiro do capim. E percebemos que África é um território com alma própria, mística, onde a realidade muitas vezes nao é o que parece. Após uma marcha de três dias, as tropas portuguesas alcançam, cercam Chaimite e prendem o último rei de Moçambique. Mouzinho tinha nas maos o homem que sempre desafiou a soberania e as autoridades portuguesas, nao olhando a meios para atingir os seus fins. Sem recear inimigos ou os revesses do destino. Em Portugal todos festejam o enorme feito. Mas, estes homens, movidos pela ambiçao desenfreada de glória e poder, cedo percebem que as cinzas, o sangue, os gritos os marcaram a ferro e fogo nestas terras quentes que parecem amaldiçoadas. A felicidade foge por entre os dedos e as suas vidas ficarao para sempre destroçadas.