No Natal de 1971, Max Martins recebeu o seu presente de Maria Sylvia e Benedito Nunes com certa decepção. Afinal, o livro ganho trazia exatamente o título de um poema seu, roubando-lhe o ineditismo — foi o que pensou no momento —, sem atentar que se tratava da edição com os seus próprios poemas, organizada e paga pelos amigos, com capa de Valdir Sarubbi e publicada pela editora carioca Saga. Encerrava-se ali um jejum de pouco mais de dez anos sem publicar, interrompido pela boa ação dos amigos. Benedito escreveria ainda a orelha de apresentação e batizaria o livro com o título do poema que Max dedicou a ele e à esposa. H’era é, portanto, fruto do acaso e enfeixa apenas aqueles poemas colecionados pelo casal, que Max presenteava de tempos em tempos, mas não necessariamente todos (o restante dos poemas desse período seria publicado anos mais tarde numa seção de O risco subscrito, intitulada “Restos de Hera” — dessa vez sem o apóstrofo). A presente edição republica o texto original da orelha como prefácio e apresenta a recepção que H’era teve na revista portuguesa Colóquio/Letras, de 1973, no posfácio — ambos de autoria de Benedito Nunes. H'era integra a coleção Max Martins, poesia completa, planejada em onze volumes, com organização de Age de Carvalho e publicada pela ed.ufpa (Editora da Universidade Federal do Pará).