HANNAH ARENDT

Em sintonia com a sua geração e com as tendências atuais da historiografia, Sonia Meneses, se insere na genealogia de estudos sobre o acontecimento na história. A autora opera de forma efetivamente transdisciplinar estendendo os cam­pos e canteiros da prática historiadora. Assim, na elaboração do conceito de “operação midiográfica” confronta o aconteci­mento às condições históricas da sua produção e identifica na trama que tece a narrativa dos fatos a presença dos sujeitos sujeitados pelas estratégias da produção da notícia e por em­preendimentos que visam transformar o vivido em mercado­ria para ser consumida, inclusive como, souvenir pelas lógicas da celebração. A escolha do Golpe Militar de 1964 e do jor­nal Folha de São Paulo como objeto e fonte de estudo torna-se estratégico para a autora desenvolver uma metodologia de análise que enfrente o ‘paradoxo do acontecimento’ e o pró­prio evento como feixe de temporalidades. A complexidade da relação passado futuro torna-se a base da compreensão de que em cada presente as duas faces do tempo se confrontam como memória e esquecimento. Trata-se, portanto, de escavar os estratos do acontecimento memorável através da exegese dos meios de comunicação.