O tema central do Ramayana é muito antigo, mas os historiadores admitem que sua redação se deu no séc. V a.C. Seu autor teria sido o sábio Valmiqui. A obra é composta de 24.000 slokas (na métrica de 32 sílabas conhecidas como Anustubh), distribuídos por sete livros. Escrito em sânscrito, o Ramayana é mais do que um texto literário: é um dos livros sagrados da ìndia, sendo o seu protagonista considerado uma das grandes divindades do país e das nações que adotaram o hinduísmo. O rapto de Sita, que deflagra a guerra entre Ayódia e a ilha de Lanka), lembra muito a Ilíada, o grande poema clássico da Grécia antiga, atribuído a Homero, que narra a sangrenta guerra de Tróia, cujo estopim teria sido outro rapto: o da rainha Helena, de Esparta, pelo príncipe troiano Páris. Já o episódio do arco, que mostra a força sobrenatural de Rama, assemelha-se à passagem narrada em outro épico grego, a Odisseia, também atribuído a Homero, no qual o herói Ulisses, retornando à sua ilha natal Itaca, consegue dobrar um arco, para, em seguida, por fim à vida de todos os pretendentes à mão de sua fiel esposa, Penélope. A versão em cordel, assinada pelos irmãos poetas Rouxinol do Rinaré e Evaristo Geraldo, condensa o épico, conservando dele os episódios mais marcantes, imprimindo agilidade à milenar narrativa. Relido em sextilhas de sete sílabas poéticas, a grande aventura de Rama, apesar das referências às antigas crenças da veneranda Índia, se concentra nas façanhas do herói, valorizando mais o seu lado humano, sem negligenciar a sua origem divina. O Heroísmo de Rama enfatiza a humanidade do herói, ao passo que o subtítulo (um Avatar do Supremo) lembra que ele é a sétima encarnação terrena do deus Vishnu.