Hermes, conhecido como o mensageiro dos deuses na mitologia grega, é uma entidade obscura e pouco estudada. Patrono dos viajantes, dos comerciantes e dos ladrões, Hermes, conhecido como Mercúrio na tradição romana, continua assombrando estudiosos por seus traços contraditórios e enigmáticos. Hermes foi durante muito tempo e ainda é objeto de estudo de nosso querido helenista baiano, doutor em antropologia, professor da Universidade Federal da Bahia, Ordep Serra, que nos presenteou com esta belatradução e estudo onde coteja renomados helenistas. Mas Ordep vai mais longe e, para nos socorrer em nossa perplexidade recorre a comparações com divindades da tradição iorubá. Uma das principais fontes para o estudo de Hermes, 'O Hino Homérico IV',revela traços basilares da divindade - nascido em uma gruta, da união de Zeus com Maia, o pequeno Hermes, ainda de cueiros, rouba parte do rebanho de seu irmão, o luminoso Apolo, reclamando assim seu quinhão de fortuna. Descoberto, apesar de todos os ardis, é levado a devolver o rebanho para imediatamente recuperá-lo através de uma troca; presenteia Apolo com o instrumento musical de sua criação, a primeira lira - fonte de uma sonância jamais ouvida. O diálogo que se estabelece entre Hermes e Apolo, na parte final do hino, também é revelador; maravilhado com o som do novo instrumento musical e com o espírito perspicaz e traquinas do pequeno Hermes, Apolo lhe concede sua amizade e um caduceu áureo. Porém, perguntado sobre seu dom divinatório avisa; é prerrogativa sua. Assim como é a capacidade de conhecer o saber profundo de Zeus. Estes, Apolo não compartilhará. Hermes será um deus querido entre os mortais e entre seus pares no Olimpo. A ele recorrerão Zeus e os outros deuses quando quiserem um portador para suas mensagens e, os homens o lembrarão em todas as cerimônias. Além disso, na Grécia erigiam-se hermas (estátuas de Hermes) na entrada dos edifícios públicos, nos ginásios, nas encruzilhadas assim como se colocavam pequenos he