Ao longo das duas guerras mundiais, observou-se a degradação dos valores trazidos pelo iluminismo e pela Revolução Francesa, legitimando a violência como algo intrínseco à sociedade moderna. Essa mudança de valores foi acompanhada pelo crescente investimento nos campos científico e tecnológico, que atingiram um elevado desenvolvimento durante o século XX e contribuíram com os maiores genocídios realizados por Estados autoritários em nome de seus interesses políticos e econômicos. A barbárie perpetrada nos leva a considerar um elemento para a reflexão: as testemunhas. O testemunho confronta a história e demonstra que o desenvolvimento científico e tecnológico não é sinônimo de desenvolvimento humano. Pelo contrário, permite questionar a verdadeira intenção de nações que, em busca de hegemonia, cometem genocídios. Nesse contexto, emergem as seguintes questões: o que é o testemunho e qual a sua importância para a sociedade moderna? O que levou, historicamente, ao surgimento das testemunhas? Qual o contexto histórico que proporcionou o desenvolvimento da bomba atômica? Por que nações em guerra adotaram práticas de extermínio, principalmente contra civis? Qual a consequência do rompimento das normas de civilidade no âmbito das guerras mundiais? Para responder a essas perguntas, esta obra se dedica ao estudo do Museu Memorial da Paz de Hiroshima no que diz respeito à sua exposição permanente, bem como aos objetivos dessa instituição no que se refere à luta contra o esquecimento da catástrofe atômica e à coleta de testemunhos. Também são investigados o contexto histórico que culminou nas atrocidades cometidas ao longo das duas grandes guerras, os resultados dos extermínios em massa para a sociedade moderna e, finalmente, o trauma e o testemunho em relação aos sobreviventes do bombardeio atômico de Hiroshima.