O pensamento científico é masculino ou feminino? As diferenças biológicas entre homens e mulheres influenciam as habilidades cognitivas em alguns ramos da ciência? Como o passado da cultura social definiu a divisão entre carreiras masculinas e femininas? Mais um estímulo ao debate e à reflexão, História, Ciências, Saúde - Manguinhos (v. 15, suplemento, 2008), lança número dedicado ao tema Gênero e Ciências. Três dos 10 artigos originais publicados abordam a institucionalização das ciências e a profissionalização científica no Brasil. Um aspecto importante (e dos menos estudados) da ‘formação da comunidade científica’ é a inscrição do país no amplo processo de mudanças sociais e culturais que tiveram como uma das conseqüências a reestruturação de papéis do feminino e do masculino, no universo das ciências. As análises apontam que a carreira de cientistas é mais influenciada pela dinâmica das organizações em que trabalham do que por princípios e objetivos da ciência. São os sistemas de controle de verba e poder, aliados à cultura organizacional, que governam as relações de gênero. Outros dois artigos inéditos tratam da educação de nível superior e da profissionalização. Em um deles é analisada a trajetória de Marina de Vasconcellos, uma das fundadoras das ciências sociais cariocas. Bertha Lutz, filha de Adolfo Lutz, um dos cientistas mais produtivos que o Brasil conheceu, é a personagem central de outra análise, que trata de sua trajetória na ciência e na política. Na seção Fontes, o leitor encontrará a tradução de ensaio de Londa Schiebinger, historiadora norte-americana e uma das principais articuladoras do campo de estudos sobre gênero em história das ciências. Fecham o suplemento, o depoimento de Leda Dau, botânica e ex-diretora do Museu Nacional, além de notas de pesquisa, resenhas de três livros dedicados à historiografia das mulheres na ciência e a análise de uma série de imagens veiculadas no periódico O Vulgarizador, que tratava das transformações da sociedad