Desde a década de 1960, horóscopos e mapas astrais estão no centro da vida quotidiana da maior parte das pessoas no mundo. Na época do movimento hippie, anunciava-se a entrada na "Era de Aquário", que implicaria uma mudança radical para o futuro da humanidade. A difusão dessa espécie de anti-ciência (que não por isso se julga inexata de qualquer forma, mas apenas interpretativa) foi tamanha, que hoje, segundo o sociólogo Michel Maffesoli; professor da Sorbonne; um em cada dois franceses (e estamos aqui no país do racionalismo por excelência) se interessa pela astrologia. Desde então começaram a surgir algumas obras interessadas na investigação científica dessa anti-ciência, a começar pelo notável e pioneiro Le retour des astrologues ["O retorno dos astrólogos"], de Edgar Morin; do ano de 1971, a respeito do interesse então verificado pela astrologia entre os franceses. Nos 35 anos que se seguiram, a bibliografia não parou de crescer e não foram poucos os cientistas sociais e historiadores que se interessaram pela astrologia como objeto de estudo. Essa posição é também polêmica e não são poucos os que tentaram excluir completamente o estudo da astrologia dos ambientes "sérios" da academia, especialmente em círculos ligados às ciências ditas exatas. Ao identificarem um interesse pela astrologia como objeto de conhecimento tinham medo que ela, como um tipo de saber que se quer, entrasse na academia subrepticiamente e acabasse conquistando espaço para um saber não-racional nesses espaços, que ela virasse, em suma, um meio de conhecimento. Porém, Kocku von Stuckrad nos mostra, no livro 'História da Astrologia: da Idade da Pedra aos nossos dias', que o estudo da astrologia, como um fenômeno cultural histórico, não é apenas "sério" e "importante", mas esteve intimamente relacionado com aspectos essenciais da história da humanidade. Nesse sentido; a história da astrologia pode contribuir para um conhecimento da história em sentido mais amplo.