A sociedade boliviana surgiu a partir de um dos centros pré-colombianos mais avançados nas Américas, as montanhas ao sul dos Andes, que deu origem a um complexo econômico, envolvendo agricultura e mineração, e a uma sociedade situada a mais de 3.000 metros do nível do mar. Um século antes da conquista espanhola, as numerosas nações aimarás que dominavam a região foram conquistadas pelos incas. É essa sociedade, criada pelas conquistas imperiais e adaptações nativas, que permanece até hoje como uma das repúblicas americanas com maior representatividade indígena e que participa plenamente na economia mundial. A maior parte história da Bolívia foi marcada por fases de expansão e contração da indústria de mineração, exportando prata para a Europa no século XVI, ou gás natural para o Brasil e Argentina, como ocorre atualmente. Durante séculos, e até recentemente, a sociedade foi dominada por uma elite branca, que controlava uma população camponesa de língua aimará e quéchua, na qual o castelhano era a língua minoritária. Entretanto, a população indígena e mestiça experimenta um processo de mobilidade social e econômica mais intenso do que qualquer outra sociedade na América Latina e a Bolívia é o único país da região governado por sua população de origem indígena. Como e por que ocorreu esse processo é a principal preocupação desta edição, desde a ocupação original do homem americano até o regime atual, dominado por Evo Morales. Esses são temas centrais analisados nesta pesquisa histórica, que desde a sua primeira edição em espanhol obteve ampla aceitação na Bolívia e é considerada referência para a história dessa importante nação.