É lugar-comum afirmar-se o sentido de oportunidade de que se revestem determinadas edições de livros. Aqui e agora, a expressão se aplica à perfeição. Por certo que o Bispado de Mariana não é a obra-prima do sempre recorrente Diogo de Vasconcelos (1843-1927). Todavia, como as demais, foi elaborada na tentativa de reconstituição da realidade sobre a qual versa, a partir de consultas a variadas e amplas fontes documentais. É bem possível que o autor desejasse voltar ao texto antes de vir a publicá-lo. Reparos na estrutura sequencial das ideias expostas e na fixação de acontecimentos, bem como alterações nas interpretações, sugerem o caráter de notas e apontamentos ou de simples transcrições documentais com que o autor identifica inúmeras passagens do texto, que veio à luz após sua morte, em 1927. Tais ressalvas não lhe retiram o mérito, que fica salientado pelo advento desta nova versão. Com efeito, este livro vinha na sequência de importantes contribuições historiográficas de Diogo, no âmbito de seu projeto de conhecimento e análise do que denominou, nos moldes então patentes, História da Civilização Mineira. No fundo, mais um esforço seu na obstinada busca de identificação e entendimento das raízes de Minas Gerais.Católico de indobrável convicção, defensor intransigente da dogmática cristã, Diogo de Vasconcelos utilizou de sua abnegação à pesquisa documental para enaltecer a relevância fulcral da instituição católica na formação da sociedade mineira. A fé católica como fator de unidade social e veículo formador das gentes mineiras. O catolicismo a suplantar o paganismo, a história da Igreja na luta do bem contra o mal como leitmotiv civilizacional por excelência. Para tanto, não se eximiu de agregar contundentes juízos de valor às narrativas dos acontecimentos, nas quais a retórica quase sempre lhes foi companheira. O Bispado de Mariana resulta, assim, em descrição da trajetória de uma Igreja triunfalista, onde a biografia e a atuação dos titulares do trono episcopa