"Para não poucos historiadores brasileiros, que se definem como atualizados, a obra historiográfica de Pedro Calmon está defasada. Embasado na minha convivência íntima e prolongada com seus textos, discordo. Sobre a discordância, cabe dizer que a historiografia não precisa ser unânime em absolutamente nada. Heródoto e Tucídides, por exemplo, ambos gregos e mestres antigos da história, divergiram no modo de escrevê-la, ou seja, a divergência está na gênese da narrativa história. Só para contextualizar, Heródoto, ainda sob o ciclo da epopéia, e que tanto se ocupou do antagonismo entre o espírito helênico e o oriental, entremeava de mitos e lendas as suas narrações, ao passo que Tucídides, seu discípulo, sem prejuízo da prosa ática, preferiu o relato seguro e objetivo, sendo um precursor da informação documental. Um tendeu mais para a arte, o outro, para a técnica de reconstituir o passado. No meu entendimento, Pedro Calmon realizou a proeza de unificá-los nos volumes de sua monumental obra História do Brasil." — da apresentação de Thomas Giulliano". Ao primeiro choque de armas, seria a independência! Os deputados de Lisboa bem o viram. Conceberam a desintegração do Brasil, como recurso desesperado, para mantê-lo. Se não podiam conservar toda a América portuguesa, que, pelo menos, ficassem com o norte. O rei não podia autorizar essa política — que destruiria o Estado na primitiva unidade. Tornou-se o príncipe, no Rio, o seu natural defensor. Representava a ‘união’, contra o desmembramento. O pensamento nas rodas patrióticas da cidade, logo do país, se fixou sem demora. A sua presença importava a emancipação, evolutiva: o reino, autônomo, continuaria a viver a sua vida. Com a sua retirada, sobreviria a anarquia das províncias, desunidas, em proveito das cortes; ou, para juntá-las, se faria a república, federativa... Convinha-se na utilidade de reter o regente: com a condição de continuar ‘constitucional’. Fácil solução: criaria o império!”. — Pedro Calmon