"Para não poucos historiadores brasileiros, que se definem como atualizados, a obra historiográfica de Pedro Calmon está defasada. Embasado na minha convivência íntima e prolongada com seus textos, discordo. Sobre a discordância, cabe dizer que a historiografia não precisa ser unânime em absolutamente nada. Heródoto e Tucídides, por exemplo, ambos gregos e mestres antigos da história, divergiram no modo de escrevê-la, ou seja, a divergência está na gênese da narrativa história. Só para contextualizar, Heródoto, ainda sob o ciclo da epopéia, e que tanto se ocupou do antagonismo entre o espírito helênico e o oriental, entremeava de mitos e lendas as suas narrações, ao passo que Tucídides, seu discípulo, sem prejuízo da prosa ática, preferiu o relato seguro e objetivo, sendo um precursor da informação documental. Um tendeu mais para a arte, o outro, para a técnica de reconstituir o passado. No meu entendimento, Pedro Calmon realizou a proeza de unificá-los nos volumes de sua monumental obra História do Brasil." — da apresentação de Thomas Giulliano"Os homens no Brasil têm a liberdade de movimento de uma raça jovem e forte que se adestra na luta com o estrangeiro para em seguida vencer a terra. É o século das repulsas à mão armada: de franceses no Maranhão, dos holandeses na Bahia e no Nordeste, vinte anos... As armas ratificam o direito onde ele preexistia: e o Brasil não se desagregou. A terra ganha e aumenta: pois atrás de sua miragem os cabos das bandeiras descobridoras, mesmo descobrindo apenas sertão, vislumbram paisagens magníficas, regiões ricas, os caminhos do povoamento. Em 1700 a definição geográfica e econômica do Brasil se completara. Formara-se o Brasil na sua vasta estrutura inteiriça, como um organismo-gigante." — Pedro Calmon