História e diplomacia na trajetória de Hélio Lobo (1908-1939) ilumina uma trajetória pouco conhecida na historiogra?a sobre a política externa brasileira: a de Hélio Lobo (1883-1960). Historiador e diplomata, Hélio Lobo foi um representante importante da diplomacia inaugurada por Rio Branco na primeira década do século XX, seguindo a chamada política de “americanização”, ao trabalhar pelo entendimento político e jurídico dos Estados americanos e pela aproximação com os Estados Unidos desde o seu ingresso no corpo diplomático brasileiro em 1908. Como diplomata, trabalhou como membro na delegação brasileira em Versalhes após a Primeira Guerra Mundial, no consulado de Nova Iorque, onde defendeu os interesses associados ao café brasileiro naquele mercado, e no consulado de Montevidéu. Além disso, esteve presente em duas das chamadas “Conferências Americanas”, locais de debate e negociação dos interesses brasileiros no continente. Como historiador, escreveu em livros e textos para conferências sobre o século XIX brasileiro e as relações com os países da Bacia do Rio da Prata, bem como deu destaque aos laços de amizade com os Estados Unidos e ao pan-americanismo. Ao percorrer esse caminho, Hélio Lobo, diplomata-historiador, passou a integrar os diversos espaços de sociabilidade prestigiosos do Brasil republicano, como a Academia Brasileira de Letras (ABL) e o Instituto Histórico e Geográ?co Brasileiro (IHGB). A defesa dos interesses das oligarquias brasileiras, realizada mediante a escrita da história e a prática diplomática, foi interrompida em 1932 por ocasião da chegada de Getúlio Vargas ao poder dois anos antes. Os atritos com o novo grupo hegemônico no campo político brasileiro geraram problemas a ponto de Hélio Lobo se recusar a comprar armas para que o governo brasileiro as usasse contra os paulistas em 1932. Esta e outras atitudes, como o voto contrário ao ingresso de Vargas na Academia Brasileira de Letras nos anos seguintes, geraram-lhe a retirada forçada do trabalho diplomático. Neste livro são apresentadas essas e outras questões, tendo como base vasta pesquisa realizada em espaços como ABL, IHGB, Arquivo Histórico do Itamaraty, além de relatórios ministeriais, correspondências e obras de Hélio Lobo.