Tendo sido da filosofia que emanaram todas as ciências, foi dela que todo o conhecimento científico derivou, não há dúvida de que há cerca de dois séculos que os caminhos do cientista e do filósofo se separaram: - O filósofo acusa o cientista de ousar por vezes filosofar sem conhecer o pensamento profundo de Kant, Hume ou Wittgenstein. - O cientista rebela-se contra o esoterismo aparente de muitos discursos filosóficos e, quando se trata de Filosofia das Ciências, tem a tentação de fechar o livro e exclamar: "Eis um homem cujas ideias seriam mais claras se viesse passar alguns meses aqui, no meu laboratório." De facto, não há nada de mais insólito do que estudar uma ciência e não conhecer a sua história: é como existirmos e não sabermos quem são os nossos antepassados! Actualmente os cientistas dispõem de dados suficientemente subversivos para colocarem em causa as proposições filosóficas tradicionais; então porque não fornecer esses dados aos filósofos com formação científica ou cientistas com formação filosófica para reflectirem? Sempre que isso acontece estamos a fazer filosofia da ciência. É precisamente sobre a história e filosofia das ciências que incide a temática deste livro onde se tenta dar uma visão muito geral sobre arelação entre a filosofia das ciências e a epistemologia inserindo uma perspectiva histórica da filosofia das ciências e as diversas revoluções científicas. Gostaria que este livro ajudasse a despertar para a tomada de consciência de que existem tantas epistemologias quantas as ciências já devidamente estudadas e que possuam a sua metodologia própria. Assim teremos uma Epistemologia da Medicina, uma Epistemologia da Saúde, uma Epistemologia da Motricidade Humana e tantas outras que derivam dos vários ramos do conhecimento científico.