Jornalista e diplomata, o autor trabalhou como repórter para vários órgãos de imprensa do Rio de Janeiro, e entre 1930 e 1936 foi enviado especial de “O Jornal” à Ásia, África e Europa. Na Alemanha, impressionou-se com a ascensão meteórica de Hitler e fez anotações importantes para uma grande reportagem, que pretendia publicar na imprensa carioca. Mas, ao voltar ao Rio com essa intenção, nenhum jornal quis se ariscar. Então transformou o excelente material num livro, que teve duas edições em 1934, virou raridade e só agora, quase nove décadas depois, retorna às livrarias. Nele, José Jobim fala de tudo que viu, dos discursos inflamados de Hitler e das muitas pessoas que lhe contaram histórias dramáticas, valendo-se também do “Livro Pardo” de Lord Marley (“The brown book of the Hitler terror and the burning of the Reichstag”, 1933, Ed. Knopf, NY), “o mais completo repositório de documentos sobre o hitlerismo”, segundo ele. Sua carreira diplomática teve início em 1938, e no Itamaraty, entre outros postos, serviu no Paraguai, durante o início das negociações para a criação da Hidrelétrica de Itaipu (inclusive durante o governo Jango, em 1964), e como embaixador na Argélia, Vaticano e Marrocos, aposentando-se em 1975. Em 22 de março de 1979, aos 69 anos, saiu de casa para visitar um amigo e não retornou. Encontrado morto dois dias depois, a polícia tratou o caso como suicídio, mas na verdade ele havia sido sequestrado e assassinado pela ditadura empresarial-militar por estar escrevendo livro onde denunciaria esquema de corrupção no financiamento e construção da Itaipu Binacional. Depois de anos de luta de sua família, em 2018 se deu o reconhecimento oficial de que Jobim fora vítima da violência do Estado brasileiro. Sua certidão de óbito foi corrigida.