Um médico residente de anestesiologia bebe ayahuasca numa tentativa de voltar no tempo a um lugar onde algum dia foi feliz. A milenar bebida religiosa o traslada a Pampa Hermosa do rio Cushabatay, a terra dos grandes guerreiros piros com os quais ele interagiu na sua época de médico rural. No décimo quarto andar do hospital Edgardo Rebagliati Martins, na cidade de Lima, o chefe de residentes começa a escrever a história de suas andanças na Amazônia, inspirado numa cabeça reduzida que carrega consigo, a mesma que pertenceu ao grande Huaytoctoc, um feroz guerreiro piro e o último dos grandes xamãs amazônicos. Estas linhas contam os perigos e as vicissitudes sofridas quando, junto a sua equipe de atenção básica de saúde, deslocavam-se pelos rios amazônicos e realizavam longas caminhadas pela floresta. As esverdeadas palavras aos poucos vão formando um leque de histórias e situações tragicômicas que se entretecem como densos cipós no meio da densidade amazônica. Um ano de marcantes experiências ficou condensado nestas páginas belamente escritas, uma leitura cativante que certamente não deixará ninguém sem a sensação da forte chuva caindo no rosto, sentindo o cheiro da terra molhada, e com o déjà-vu de haver visitado alguma vez o belo e exótico povoado de Pampa Hermosa do rio Cushabatay, situado num recanto perdido do mundo.