Este livro envolve o reconhecimento da importância das questões ligadas à mobilidade indissociáveis daquelas relativas à fixação e à imobilidade no âmbito das atuais sociedades capitalistas neoliberais de (in)segurança e/ou de (des)controle em que vivemos, especialmente em grandes cidades periféricas. A complexidade dessa problemática está associada ao que denominamos processos de contenção territorial, especialmente no que se refere à mobilidade dos grupos mais precarizados e racializados que habitam as periferias de nossas metrópoles. Essa i-mobilidade a nível global e as tentativas de controle através de dinâmicas de contenção se desencadeiam pelo acionamento de diferentes dispositivos territoriais de controle ou segurança. Estes incluem desde os tradicionais muros ou barreiras físicas até as mais sofisticadas tecnologias envolvendo drones e centros de telemonitoramento, aqui analisados, sem falar naquilo que se pode tratar como limites ou fronteiras tácitas, resultantes de acordos de controle e/ou uso territorial, formais ou informais, entre diferentes grupos sociais. A principal base empírica de análise está relacionada com a segunda maior metrópole brasileira, o espaço carioca, emblemático da complexidade desses processos territoriais vinculados à (in)segurança e às distintas modalidades de contenção territorial dos subalternizados. Talvez seja o espaço carioca aquele que melhor revele a chamada crise de segurança vivida hoje pelo Brasil (e, por extensão, pela América Latina). O livro inicia com um debate teórico mais amplo e introdutório sobre as i-mobilidades do nosso tempo para, logo a seguir, abordar os muros e drones como novos-velhos dispositivos geográficos de controle. Esses novos muros costumam surgir integrados a tecnologias recentes de caráter informacional como drones (tratados no mesmo capítulo) e centros de telemonitoramento (focalizados no capítulo 5, que trata do distrito central de segurança do Rio de Janeiro). O terceiro capítulo discute os limites e/ou fronteiras no interior da metrópole carioca vinculando-os a processos de territorialização e regionalização. O quarto e mais extenso capítulo focaliza as barreiras físicas e tácitas de contenção territorial na metrópole, alguns de seus muros visíveis e invisíveis, especialmente aqueles relacionados às favelas. Finalizamos com uma síntese conclusiva, onde aprofundamos o debate conceitual sobre contenção territorial e seus dispositivos tanto materiais quanto virtuais.