O Ibirapuera é o primeiro parque metropolitano de São Paulo. Foi projetado para ser um espaço moderno e de múltiplas funções. Estava previsto pelo poder público desde 1926, mas demorou quase três décadas para ser executado. Durante esse período, uma série de conflitos foram encampados em torno da sua configuração, de naturezas e proporções distintas, passando por confrontos em relação à propriedade pública da gleba, constantemente ameaçada por ocupações de particulares e diferentes tipos de instituições, até as mais sofisticadas estratégias de controle em relação à sua forma urbana. Este livro trata das disputas envolvendo a decisão sobre a configuração do parque, cujo âmbito nunca chegou a extrapolar os limites circunscritos pela elite paulistana. A demora na sua realização suscita alguns questionamentos: por que um industrial, nos anos 50, liderou as articulações para a viabilização desse parque? Quais matrizes do pensamento urbanístico foram mobilizadas para criar as bases de sustentação do projeto? Que aliados foram buscados no seio da sociedade para garantir o sucesso da empreitada? Como se equacionaram os interesses conflitantes em torno do projeto do parque? Estas são algumas inquietações que orientam o percurso deste livro.